segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sinestésico

Não me lembrava do quanto era gostoso acordar e planejar minhas obrigações de acordo com o meu tempo, e não de acordo com o delas. Quando morava na infância, eu decidia brincar, pintar, estudar, sempre vivendo. Depois que me mudei, estando na casa nova, nem de casinha conseguia brincar. Até que, de brincadeira, tentei mudar de novo. E deu certo. Decidi mudar, radical. E agora as ordens vêm daqui, olha, bem daqui de dentro.


Estar no comando é uma experiência quase sinestésica. Quase, nada. É uma mistura alucinante, que periga até viciar. Sentir o tempo passar, sem pressa; ouvir, com calma, a necessidade que grita e o segredo sussurrado; experimentar sabores: em especial, o meu sabor; olhar, assistir, ler; tocar, sem correr; cheirar flores compradas pro enfeite da sala. Decidir o que fazer, o almoço, a ordem das coisas, a visita, um sem fim de decisões, imersas em um aparente sem fim do tempo. Do meu tempo.


Está tão gostoso assim...