sábado, 15 de janeiro de 2011

Propaganda

do meu amigo, Caio Di Palma.

Me fez lembrar dos bons momentos-paradoxo que vi em Cuba.


http://dalailamaaocaos.blogspot.com/2010/12/rum-baco-del-fuego.html?showComment=1295116860965_AIe9_BFxjoTZVvSuKX7vgytu_kyaXRD6IGdvSYycRVUKePG2DtKXYU3bBJbe-yiJE_PQDl48o75roL34sTwhOYjKn8olaLl25RZHEGspXXutFdoqegTsOkGwbvz6y6SoZe66xTufEa9DqErEY0TTB-BtTEf_WTZr9qXNfLHpeFNx5GnEZUzwWZBYnC_zg1AOfEpA9WTqQT0I_-PcOXDwdg6EFmadTKYfsOZiD178FcyDUodON4RSBlcfAeEOedDVPLRI5C6MY40bU_XBNPMnMI9ic-1IrqmcVV2LIkKT8EA0eXhoukhpEX1TXSN_M5VFFN1nxZlf0IfbPibtpWjod61-PDkGzEqRsD7XRFI-80dwFshMwKqjsPyg1ansYz3eSXkxdmdpCFG-Isxd3bxo-HSXGjz2lTSmqb1pKDdQJatpSIDXyTbYLpAJ2WHF2gqXB0x8Ki0FF9ZjsgelhEEmuP0FDBP5zar8aLPird8ft52FJq6mwOzH705QdWPHiVKRM6FLO6ngzvYJEUPGsAuaSZzzVOHWyrKga--kkrmjsuPaXm5K5K58vSP632A6IOAH5Vk3r3ZnzVGwYl9FZ1ZRJ_xXKOVr731g-Wkkr3hXhE-pnMWvUjDnjlK3_TnoHx2c8Sy-LUfA-Gm2RQHehyDmr3QVcKqcwTWvV2NOyAfUM_5lmHa5FjlWx45Gqdody87LGGfnuBWZUY2TNZa0umYttutaHTDJULQodfHa3cILa0w1vRqc0xBKfQCVomX2m_ilwbvEwS-pgZ6Lvr7JBBEXBy7EnQ8Fe0jogA#c497922653487894457

Nada é por acaso

Obs. 1: Título ruim.
Obs. 2: Menosprezo pelo produto próprio é necessidade de elogio? Creio que sim.
Obs. 3: Por isso não falo, escrevo. O erro, assim como o perdão que é assinado embaixo, podem perdurar, eu não. "Um passo para a eternidade". Perdão pelo subtítulo, também, ruim!

***

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Antoine de Saint-Exupéry

Boca santa, bendita seja!

***

Acho que cativei alguém, que me cativou também. Sorte a nossa!
Mas às vezes a gente se descativa, pra depois mais cativar, bem fundo no coração, novamente.
E nesse cativa-descativa-cativa, a vida vai passando, passando... até que o cativo se torne

caverna
cavado
escavado
cavucado
casado

***

Obs. 4: Mudo, tardiamente, o título deste texto para: "Tapa de amor não dói ou da Adélia Prado cativa em mim.

***

Casamento
Adélia Prado

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.

***

Bonito, corajoso, sincero e muito, muito poético. Especialmente pelo fato de deixar de ser para ser no outro e, no outro, serem dois.

***

1+1= 2 (feito de dois, mais que só dois)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Hasta siempre ou aquilo que passou pelos olhos dos viajantes

Passou o Natal e Papai Noel não veio. Ele, na verdade, colocou os dois no saco de presentes e os despachou em um avião para Cuba. Disse: "Desta vez, o presente vem até vocês e vocês, também, vão até o presente". Aí eles ficaram sem saber se era presente de grego. Nada! Era presente de vida!

Em Havana charutearam por ruelas mais antigas que o socialismo, mas tão vivas quanto o marejar da bandeira ao vento; reconheceram, nas mãos erguidas em rifle dos velhinhos, o sangue descrito nas reportagens poucas do Granma e do Trabajadores; vibraram em ruas labirínticas, povoadas de pessoas bonitas e feias, tão misturadas, tão brasileiras, mas que refletiam uma estrela no fundo dos olhos; deixaram-se embriagar pelas cores, pelos múltiplos vermelhos, dourados e amarelos que enfeitam, à la barroca, os penteados, as roupas, La Havana.
Ainda em Havana, cheiraram uma igualdade profundamente desigual, beberam (mas tiveram que engolir a seco) os dentes de ouro que ofereciam sua simpatia em troca de CUCs e, finalmente, engasgaram-se ao comprar 3 LIVROS por 70 centavos!

Passaram por estradas bem cuidadas, se deixaram levar pelo mais azul dos mares e, lembrando-se dos entes queridos, distantes e legítimos parentes havanos, desfrutaram da cuba libre e da piña colada, à beira da piscina. Entre um mergulho e outro, deleitaram-se com os papos extremamente inteligentes de maleteiros, ex-professores e hasta siempre amantes de Fidel. Mas ouviram os dois lados: o dos amantes e o dos odiantes.
Conheceram e se apaixonaram pela história de Camilo Cienfuegos, e, claro, hasta siempre... "Mi comandante Che Guevara".

http://www.youtube.com/watch?v=po09lcDxXIA&feature=fvsr

Viram escolas em que as professoras deixam crianças de castigo, limpando a sala, porque estava claro - o olhar ALEGRE das crianças denunciava - que a justiça estava sendo feita. Mamãe e papai, certamente, não estarão lá no dia seguinte, com o dedo em RIFLE apontado à professora, ameaçando seu emprego e sua dignidade.

***

Eles viram casas tortas, charutos na boca, roupas coloridas, paraísos na terra e uma ideologia que transpôs os muros e as bandeiras e foi parar na boca do povo. Prometeram que voltarão lá, um dia, para comemorar os 10, ou os 20 anos de algo muito bom... Que durará - isto confessou-me Papai Noel, num castelhano meio polonês, meio esquisito, mas que eu compreendi muito bem - hasta siempre.