sábado, 16 de outubro de 2010

Recomendo, porque compartilho a opinião:

http://extraviodemim.blogspot.com/2010/10/para-nao-dizer-que-nao-falei-de-flores.html

Bandeira branca, amor

Carta para você.

Quero te falar uma coisa:

Estar em paz consigo me parece fácil. Complicado mesmo, e até dolorido, é o processo de estar em paz com quem está de fora. Minha mente, meu guia. Minha sentença. De janelas fechadas, a gente bagunça, caminha em pelo, fica à flor da pele. Mas teimam em abrir a janela, revelar o que está atrás da porta. Pior: querem participar do que está atrás dela. Mas o que está lá dentro não pertence a ninguém, senão a Deus e ao mundo. E o mundo é meu. Sou eu o mundo.
Estão querendo me compreender, sem se colocar em meu lugar.
Estão querendo me julgar, sem passar pelos bastidores.
E me atolar de sentimentos aflitos, que apertam o coração, até que deles saiam lágrimas molhadas de cansaço, de tanto aperto.
Combinemos assim: cada um com a sua janela, com a sua própria vista pro mar. Veja bem, não há nada melhor do que ter o seu próprio mar: lindo, tranquilo, refletindo a luz do sol. Ou a da lua, agitada, em um inverno tempestuoso. Ou até avistar os primeiros pássaros da manhã, sei lá. Cada um tem o seu mar, pra isso Deus o fez assim tão grande.
Vem comigo neste rumo. Eu, no meu barco, você no seu. Mas desse jeito a gente fica juntinho, não se afasta. Qualquer coisa você hasteia a bandeira branca, que eu jogo a minha corda. Ou a afasto, como preferir.
Podemos estar juntos sem que eu seja você. Sem que as minhas águas pororoquem com a sua. Eu quero paz, porque já está tudo mudando, tudo já mudado, tudo mudo. E é do silêncio, da tranquilidade, que eu quero ver brotar a muda. Vê bem: ela está lá no fundinho da terra, verdinha que só. Daqui a pouco brota. E vê mais, vê além: ela vai fazer sombra pra gente descansar. E ficar olhando, juntinhos, o mar que a gente imagina. Em paz e conforto e aconchego.