sábado, 25 de dezembro de 2010

Sobre estar junto




Igualzinha a muitas, diferente de outras tantas, como tão somente eu mesma, sempre quis me casar. Tradicionalmente de noiva branca, com arroz, confete, serpentina e alegria transbordando.
Assim que nasci nós ficamos juntos, mas só nos encontramos algum tempo depois.
Namoramos, noivamos - e isso só os inteligentes puderam ver - e, enfim, nos casamos.
Estamos juntos há uma semana e um dia.

O casamento foi bem NOSSO: eu, tradicionalmente de noiva branca; ele, tradicionalmente de terno lindo, preto. Astromélias coloridas no buquê e na lapela. Chuva de arroz, confete, serpentina, alegria, alegria, alegria e amor. Muito amor.

O véu comprido carregou o tempo do conhecimento.
Os pulinhos simbolizaram a alegria do momento.
As palmas receberam a beleza do estar junto. Para todo o sempre. Perante de Deus no Céu e nos outros. Muitos e muitos outros, igreja lotada, festa radiante. "O melhor casamento que já fui" - ouvi por aí.

E hoje, felicitamos juntos o Natal, nosso primeiro.

Sobre as flores da igreja, sobre a festa animada, sobre dinks, acepipes e festejos, muitos reenlaces de memória hão de ser tecidos.

Mas estar junto, essas palavras não ditas, que se fazem pelas mãos, em impulso de coração... Essas não. Essas eu não conto, e nem ele. Essas acordam conosco e conosco dormem no abraço. No te amo nosso de cada dia.

Assinado: senhora M.


sábado, 20 de novembro de 2010

Fácil rima: alegria - melancolia

Tem vezes que tanta alegria dá medo.
Um medo danado do escuro, daquele obscuro gostoso que faz a gente não saber do que vai ser.
Medo de errar e parar o presente
E da pequena morte virar morte de verdade,
Daquela que afoga a gente em um mar de melancolia.

Sei lá se tem problema em, depois, melancolizar.

A saudade do tão bom agora trará pequenitas mortes, até que Ela venha e enfeitice a vida em melancolia...

domingo, 14 de novembro de 2010

sábado, 16 de outubro de 2010

Recomendo, porque compartilho a opinião:

http://extraviodemim.blogspot.com/2010/10/para-nao-dizer-que-nao-falei-de-flores.html

Bandeira branca, amor

Carta para você.

Quero te falar uma coisa:

Estar em paz consigo me parece fácil. Complicado mesmo, e até dolorido, é o processo de estar em paz com quem está de fora. Minha mente, meu guia. Minha sentença. De janelas fechadas, a gente bagunça, caminha em pelo, fica à flor da pele. Mas teimam em abrir a janela, revelar o que está atrás da porta. Pior: querem participar do que está atrás dela. Mas o que está lá dentro não pertence a ninguém, senão a Deus e ao mundo. E o mundo é meu. Sou eu o mundo.
Estão querendo me compreender, sem se colocar em meu lugar.
Estão querendo me julgar, sem passar pelos bastidores.
E me atolar de sentimentos aflitos, que apertam o coração, até que deles saiam lágrimas molhadas de cansaço, de tanto aperto.
Combinemos assim: cada um com a sua janela, com a sua própria vista pro mar. Veja bem, não há nada melhor do que ter o seu próprio mar: lindo, tranquilo, refletindo a luz do sol. Ou a da lua, agitada, em um inverno tempestuoso. Ou até avistar os primeiros pássaros da manhã, sei lá. Cada um tem o seu mar, pra isso Deus o fez assim tão grande.
Vem comigo neste rumo. Eu, no meu barco, você no seu. Mas desse jeito a gente fica juntinho, não se afasta. Qualquer coisa você hasteia a bandeira branca, que eu jogo a minha corda. Ou a afasto, como preferir.
Podemos estar juntos sem que eu seja você. Sem que as minhas águas pororoquem com a sua. Eu quero paz, porque já está tudo mudando, tudo já mudado, tudo mudo. E é do silêncio, da tranquilidade, que eu quero ver brotar a muda. Vê bem: ela está lá no fundinho da terra, verdinha que só. Daqui a pouco brota. E vê mais, vê além: ela vai fazer sombra pra gente descansar. E ficar olhando, juntinhos, o mar que a gente imagina. Em paz e conforto e aconchego.

sábado, 11 de setembro de 2010

A velha que há em mim ou Deixa o verão pra mais tarde...

Uhuhuhahahahuhuhuhahahahah

Estão ouvindo? Los Hermanos. Deixa o verão.
Tenho psicose por eles, amo, amo muito mesmo. O Marcelo Camelo já até me deu tchau, jogou beijo, sim, tudo isso para MIM, em um show no Canecão. Meu primo viu, pode confirmar que eu não tive alucinações.
Pois é. O problema é que eu sou meio fantástico mundo de Bob e vivo no mundo da lua...
Ontem, indo para o dever noturno, ouvi Deixa o verão. Aí me dei conta de que eu, com 20 anos de idade, ficava ouvindo essa maravilha, adorando tudo, louca, louca pelos Hermanos, e assimilei o recado: fila em porta de bar nunca fez parte da minha "night".Fiquei sempre dizendo, cá entre nós, "deixa o verão pra mais tarde".
Resultado: agora, que eu estou muito querendo um VERÃOZÃO DAQUELES, não posso, ele terá MESMO que ficar pra mais tarde.
Ai, a velhice intrínseca à juventude!

***

Considere toda a hostilidade que há da porta pra lá
(Ok, vai. Eu continuo deixando o verão... Sempre gostei mais do inverno mesmo, fazer o quê?)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Borges, para animar o dia

Nostalgia do Presente

Naquele preciso momento o homem disse:
«O que eu daria pela felicidade
de estar ao teu lado na Islândia
sob o grande dia imóvel
e de repartir o agora
como se reparte a música
ou o sabor de um fruto.»
Naquele preciso momento
o homem estava junto dela na Islândia.

Jorge Luis Borges, in: "A Cifra"

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje, ontem

Estamos vivendo, no hoje, reflexos do ontem. Aliás, essa forma cíclica de se passar por este Aqui onde, há tempos remotos, habitamos, vem se circunferizando, num rolamento antigo, rotação e translação, desde sempre. Vivemos hoje o antigo renovado, o já visitado, revisitado. Renovamos o cinema novo, o retro virou vintage, moderno; o barroco, pós-moderno.
O que estaria por trás disso, pois? Não falta criatividade, não falta fé. Ao contrário, sobra, à humanidade, esperança. De rever no atrasado a epopeia de um presente de maior sucesso do que o anterior; de renovar e se rever; de perdoar aos seus próprios erros e, especialmente, de redimir-se com seu DEUS interior, todo maiúsculo, porque é, em si. Porque está em si e, também, em todo lugar.


***

Um espelho de três lados

passado, presente
ausente

três paus, uma canoa
naufragada

mas lá, ao fundo
horizonte

perspectiva, representação
vislumbre

ontem, hoje
futuro.


***


E você, onde se vê?


***








quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Brand new start for September

Because love won't bring me down, oh no!



Muito primaveril, não acham? AMO!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Para Isabela, querida.

Bela andou pelos quatro cantos da sala, rodou o mundo, conheceu deliciosos e obscuros (en)cantos das pessoas, homens e mulheres. Conheceu-se a si mesma e, depois de muito vagar, descobriu que não conhecia ninguém. Daí ficou triste, até porque só conseguia lembrar-se do seu, até então, único amor.

Bela chorou por horas, dias, anos. Acho que por uns dois anos, sei lá. Achou que não tinha mais jeito, que talvez o jeito fosse esperar as pessoas passarem, quem sabe ela... sei lá MESMO.

Até que, num belo dia, conversa vai, conversa vem... Bela, tão bonita quanto o azul do céu, olhou para o lado. E achou que viu que quem estava ao lado a olhava também. Bela suspirou... pensou... Será?

Ele a deixou passar, na verdade está deixando até agora. A diferença é que agora, quando ela passa, ele passa também. Olha lá eles dois... Indo...
Acho que daqui a pouco darão as mãos.

Serão felizes para sempre?
Sei lá, tomara que sim.
Tomara que "para sempre" não tarde muito a chegar. E que se demore para passar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Chegaremos lá?



Ansiedade
É quando se acorda no meio da noite, se afogando em uma onda de pensamentos.
É dormir no engarrafamento, no meio da novela, em um canto qualquer.
Tudo isso esperando, ansiando, desejando, quase enlouquecendo.
Em um transe de querer saber, conhecer, ver, e mais muitos outros verbos de 2ª conjugação.

***

Desespero
É quando se anseia, se deseja, se quer. de-ses-pe-ra-da-men-te
Com tanta força, tanto empenho
Que, quando se tem, nem se deseja mais tanto assim.

***

Horizonte
É aquele lugar onde vivem, marido e mulher, desespero e ansiedade.
É lá onde eles ficam, de cima da pedra, com perfeita visão
Vislumbrando meus sonhos e desejos.
E, em meus sonhos, despertam meus desejos
De ansiar, desesperadamente, alcançá-lo um dia.

***

Tão ansiosa que já vejo um horizonte de desesperos.

Conversa Afiada

Engraçado como as pessoas são diferentes... E como elas se aceitam para aceitar os outros. Deixa eu explicar: tem alguém que eu amo muito que me pediu para postar isso:

http://">http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/08/26/dilma-abre-20-pontos-folha-descobre-que-serra-e-uma-fraude/

Eu achei muito interessante, mas ele achou o máximo!
Eu achei que não combina com este blog, mas ele acha que é preciso divulgação.
Então, queridos leitores, já que está me faltando inspiração por esses longos dias, fica a dica.
Para os que gostam de política, sarcasmo e PT, deliciem-se.

sábado, 24 de julho de 2010

Chovem amores na rua do matador


Festlip.
Está rolando um festival de teatro, música e gastronomia comuns aos países falantes da língua portuguesa. Pena que pouca gente sabe. Nós, por aqui, só ficamos sabendo na metade do caminho; pelo menos só tivemos a possibilidade de participar na metade do caminho. E aí, pra compensar, assistimos à peça que intitula este post, que é maravilhosa, porque foi escrita pelo Mia Couto e pelo Agualusa. (de minha opinião mais pela parte daquele do que deste, ok.)

É assim: um homem, de 49 anos (ou algo assim), decide voltar à cidade onde passara parte de sua vida, onde moram os seus três amores. Decide que é preciso matar o passado para viver o futuro (e até mesmo o presente). Decide, então, matar as três tais, suas três desgraças, esses seus três amores. Melhor: decide matar toda a cidade, cortando o mal pela raiz, e assim, (re)fazer-se.
Ele, porém, não é homem-macho para matá-las. Não é homem nem para ouvir de verdade, porque só ouve no sonho: "Não podemos matar-te a ti, pois há muito que já morreste dentro de nós".
E ele se morre. Não uma, nem duas, nem três. Quatro ou cinco vezes precisará fazer essa viagem. E, como as gotas da chuva, que teimam em derramar amores naquela rua deserta, na rua daquele Matador, forma-se o ciclo da água, até que a vida passe. E repasse. E se repasse. 

***

Fiquei pensando depois em como é estranho matar pessoas dentro de nós. Deixá-las lá, mortinhas da silva, com uma lápide de lembranças, convivendo com gramas fresquinhas, terras recém-descobertas. Nossa... fiquei assustada em rezar uma Ave-Maria pelas almas do meu purgatório, que às vezes nem mesmo na memória eu me lembro de ressuscitar.

Nota:

Não há nada melhor do que uma surpresa.
Ah, tem sim: é quando alguém CHEGA de surpresa.
E deixa o seu coração surpreendentemente cheio de alegrias e vontades. De esperança, de saudade de novo.

:)

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cotidiano

O moço, após sair do escritório, encaminhou-se diretamente para casa. Como sempre o fazia. Excetuando-se as vezes em que passava pelo mercado e demorava-se na fila do caixa. Ao abrir a porta, deparou-se com a mulher, de avental e reclamações em punho, costumeiramente desagradável. Sua casa fedia a alho, sua vida era um ensopadinho sem graça, feito de músculos e legumes da xepa. A reclamação do dia era a falta de material para a janta. Fez o caminho de volta, de marcha-ré foi ao supermercado. Mas desta vez demorou-se mais na fila do caixa. A conversa por lá estava boa, excitante. Quarenta e dois reais, senhor. Crédito ou débito? Quer que ajude a ensacar? Boa noite, até a próxima. E um sorriso.
Exausto de tanto prazer, o moço deteve-se na porta do mercado. E lá se demorou, observando de longe a simpatia da moça do caixa, contrastando-a com o cheiro de alho que vinha da mulher.Então ele meteu a cabeça por dentro da sacola plástica, cheirou o alho que guardava lá dentro mais do que tempero para a janta: guardava a sensação do matrimônio, o cheiro de sua mulher. E percebeu, enfim, no que havia se transformado o cheiro fresquinho de lavanda da adolescência. E viu que era ELE o comprador do alho.
De súbito ele voltou ao mercado, comprou lavanda, xampu, perfume, pasta de dente. Comprou queijo bola, salame, uma garrafa de vinho. Mas deteve-se, novamente, na fila do caixa. Esqueceu de levar alguns itens, senhor? Pois é. Sabe dizer se esse xampu é bom? E essa lavanda, cheirosa o suficiente? São, sim, senhor. São pra minha mulher. Hum, moça de sorte. (sorrisos). Ele foi para casa, transformar o alho em perfume. Ela tirou o avental e foi para sua casa, onde morava com seus dois filhos. E um homem, pai da menininha que carregava já no 7º mês. E já foi cansada, porque, depois de muitos sorrisos, ainda tinha um ensopadinho para preparar.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Propaganda eleitoral

Meus amigos e minhas amigas,

A quem interessar possa.

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/07/19/nem-o-cebolinha-se-livra-do-ataque-do-serra/

Feliz dia do amigo!



Para meus amigos tipo Batman e Robin;
Para meu amigo Super Homem;
Para todas as minhas Amigas Maravilha;
Aos medrosos e corajosos;
Aos presentes toda semana e aos que sempre aparecem no coração.

Ter amigos é como ter os poderes de Grayskull!

:)

domingo, 18 de julho de 2010

Eu... Alice!

O bom de se fazer aniversário depois dos 25 (aiai, papo de VELHA) são os presentes inusitados, mas muito bons, que a gente ganha.
Por exemplo: hoje, um grande amigo me olha, não me dá bom dia. Em lugar disso, me chama de CHATA e muxoxa alguma coisa inaudível. Volta ele uns minutitos depois, com um embrulho nas mãos. (Brecha para que eu pense: "Oba, presente!")
Ele diz que achou a minha cara, que eu vou adorar. Eu acredito.
Quando abro... uma história em quadrinhos da ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS.
Só fiquei sem saber se eu sou confusa, se sou linda, fofa, uma gracinha, se surto antes do casamento (eu? ah, que nada!) ou se vivo mesmo no país das maravilhas. Ah, deixa pra lá. O que importa é que foi um dos meus melhores presentes!

Amigo, adorei a surpresa! Adorei mais ainda o fato de você pensar que ser ALICE é a minha cara. Você agora tem a vida inteira pela frente para me arrumar uma festa surpresa com esse tema!
Beijo, beijo!




quarta-feira, 7 de julho de 2010

Numerologia


7 é o número da perfeição. Está na Bíblia, está nos manuais, está no senso comum. Hoje, constatei que é verdade. Ou que pelo menos é verossímil.
Porque depois de 7 anos + 1, o esperado ninho ganhou tijolos, concreto, janela e cômodos.
Porque no 1+7, de 2 faremos 1. 12 é um lindo mês.
Porque no dia 7/ 7 demos um pequeno passo para o resto da vida.
Porque a palavra A.L.E.G.R.I.A também tem 7 letras.
Então suponho que o que sinto é perfeito. Hoje acordei em perfeição!

***

Da casa engraçada
Fizemos janelas, portas, quadros.
Nos olhos, as janelas da alma;
No coração, a porta de entrada;
Nos quadros, o vislumbre do amar.
E você, querida visita, sinta-se em casa.
Casa do amor, lugar de amar. De ficar.
Para sempre, juntinho, feliz da vida.

***

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Futebol, cinema e o pequeno príncipe

Sexta-feira passada, Brasil x Holanda. Final da Copa do Mundo, pelo menos para o Brasil. Confesso que após tantos jogos da Copa e, especialmente, após anos a fio de convencimento dominical assíduo, entre um Faustão e outro, posso dizer baixinho: "hum, eu bem gosto de futebol. Tá."

Mas não quero falar disso, até porque seria uma desgrama.

Estou muito mais in quando o assunto é cinema.

Então, é isso. Sabem onde fui assistir ao derradeiro jogo? Pois é, no cinema. No fundo preto, em clássicas letras móveis brancas, havia escrito: "BrasilxHolanda". E lá fomos nós dois, querido e querida. Cinema lotado, movie fun fest. Tudo muito legal, pipoquinha, Coca Cola, pá. Até que o Brasil perdeu. Mas também não é sobre isso que eu quero falar. Perdeu a seleção, eu não.

Logo na entrada do cinema, um cartaz FOFO me chamou a atenção: Le petit Nicolas. O filme, pela gravura, me pareceu ser tudo. E aí nem preciso dizer que passei o jogo pensando nessas lindas carinhas alegres...


E essas carinhas lindas e animadas não saíram da minha cabeça nem depois do jogo! Da derrota do Brasil às aventuras do Nicolau foi um pulo. O cinema, curiosamente LOTADO de VELHINHOS (engraçadíssimo: O Daniel Azulay era nosso vizinho, um dos mais jovens a dividir os assentos conosco), gargalhava e gargalhava com esses adoráveis.
Li que a única exigência feita para que o filme fosse rodado foi que ele se tornasse uma obra prima. Missão cumprida.
E, para completar a nossa noite de sábado, conversinha, caipirinha, e a dúvida: o que fez de um filme tão simples uma obra prima? Com pureza d'alma: tentamos encontrar essa resposta, mas não deu.
Acho que é a tão clichê "pureza da criança". Gonzaguinha que me perdoe o escárnio, mas eu mordo e dou beijinho :). Mesmo manjadíssimo, o homem está certo. Que chute o primeiro pênalti quem não se sentiu atraído por esses pequenos príncipes.
***
Vou me casar, estou pensando que um dia desses aí vou ser mãe. E já estou pensando também em encomendar, antes dos MEUS pequenos príncipes (ou princesas), uma cópia do pequeno Nicolau. Depois que você, desse lado daí, assistir ao filme (porque eu nunca iria estragar a sua surpresa, apenas aguçar a sua vontade!), você pode vir aqui me contar: vai dizer que ficar lá, feito o Pequeno Polegar, pela floresta, nunca passou pela sua cabeça?
***
Por enquanto, vou ocupando o lugar da professora...
***
Freud explica!

sábado, 26 de junho de 2010

Observação:

Não quero que isto se torne um blog-diário ou um blog de casamento. Mas não posso deixar de comentar. Por isso, muito tímida, quase em silêncio, eu conto aos meus parcos leitores:



Hoje fui ver meu vestido de noiva!!!!

"O Mestre" - Ana Hatherly. Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

- Ah, o corpo! Mas quem nos diz que no nosso corpo não se repetirá aquela lenda do inventor da lira, a história daquele homem a quem morreu um dia o filho ternamente amado? Não é verdade que não o querendo enterrar, o Pai pendurou-lhe o corpo no ramo de uma árvore, até que o esqueleto se desfez restando apenas intacto o osso de uma coxa e que então o Pai fez com essa parte do corpo do seu filho uma lira para com ela cantar a tristeza de o haver perdido?
Todos podemos fazer do nosso corpo uma lira para com ela cantarmos a tristeza de o havermos perdido, mas todos podemos igualmente fazer do nosso corpo uma lira e com ela cantarmos a alegria de termos um corpo vibrátil como um instrumento musical. Não pendurarei o corpo da pessoa amada num ramo duma árvore esperando que o cento lhe dilacere a carne e me deixe o seu esqueleto para eu fazer um violoncelo e dos seus membros arcos. Saberei tocar com as minhas mãos a mais irreal de todas as formas, o corpo, esse breve condensado de linfa multicor estremecendo ao som da minha voz, da tua voz, correndo, rindo, dormindo, erguendo os olhos, estendendo a mão para acariciar, empunhando a lâmina fina com que há de finalmente destruir-se até ficar uma lira pendurada num ramo duma árvore.

* Ele vem comigo ouvir o som da nossa lira. Viva. Em carne, osso e música *

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Saramago




Se ele foi capaz de criar a Blimunda, as vontades da Blimunda, no Memorial do Convento, é porque também tinha lá suas vontades. Nuvens inquietas dentro de seu ventre que, engarrafadas, transformavam-se em palavras. Palavras jorradas, fortes, que não davam nem trela aos pontos, travessões, aspas. Para quê? Havia muito a ser dito... As vontades eram mais fortes.

Ainda bem que o Fernando Meirelles transformou palavras em filme, que ele gostou tanto que foi às (discretas) lágrimas.
Ainda bem que ele construiu um Memorial de palavras, com tantas janelas e portas abertas que acho difícil a morte o alcançar.

domingo, 13 de junho de 2010

And so what should we do?!



Pétalas de amor em domicílio...



*Obs: Incrível como ele pode ser tão lindo e me fazer carinho tão de longe!

sábado, 12 de junho de 2010

What should we do so far away?

A menina dos meus olhos acordou triste, tristinha. Mas logo, logo apercebeu-se do sonho e voltou a sonhar. Sonhou com o telefone tocando, com o namorado desejando um feliz dia de São Valentim, que fofo. O menino que, de longe, participava do sonho, acabou levando a pior por estar assim,











longe.

Então,bemdepertinho,elaselembroudequeeraumsonho.

Sem abrir os olhos, ouviu duas coisas fantásticas:
1) Um agradecimento a Deus (que também está longe) por tê-la por perto.
2) Uma música linda, com tradução e tudo, que cantava A SUA VIDA.

Perturbada, a menina dos meus olhos resolveu se beliscar. Seu sonho já estava sufocando, inundado e deixando-a sem ar. E a lágrima que hoje rolou dos seus olhos, nesta linda manhã de "São Valentim", foi o extrapolar do sonho.

What should we do if we are so far away?
Nothing, let it go.
I'll just thank God because I found you.

[Thank God you found me]


* Ser sua, querido, é viver em sonho. Adoro ser a menina dos seus olhos*

Te amo pra sempre!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

:(

Incrível notar como o desespero frente a uma montanha de provas e trabalhos e folhas e coisas brancas, finas, flácidas e, diria, quase fedorentas, acabam com a inspiração. E com o bom humor. Com o meu, pelo menos.

sábado, 29 de maio de 2010

Sobre unhas e selos

Colecionava selos e pintava as unhas de azul. Sonhava com pássaros, lindos campos e casinhas aconchegantes. Mas de seu daydreaming acordava em meio a buzinas, carros e fumaça, muita fumaça. Queria ver gatos fumantes, fumegantes, mas via apenas a fumaça dos automóveis. Queria fechar os olhos de dentro novamente, mas o sinal já estava verde.

Lembrou-se do Ensaio sobre a cegueira, imaginou que poderia sofrer de uma ilusão repentina, olhos fechados. Olhos abertos e pronto: em vez do branco leitoso, o colorido cinza de uma tarde de sexta-feira, engarrafando o Rio de Janeiro. Estava indo trabalhar. Enfim, sua última jornada da semana. Ensinaria aos ricos de espírito sobre a pobreza do ser. E lá foi. O que a deixava animada era a volta para casa. Ah, sim, porque haviam planejado uma noite típica: jantar, filme, abraços compartilhados no meio da madrugada.

MAs um telefonema mudou tudo. "Desculpa, querida, não vai dar pra eu ir. Terei que ficar até mais tarde no trabalho". "Ah, tudo bem. Depois a gente se vê. Beijo, bom trabalho". E assim ensinou sobre a pobreza do ser. Lá pela metade da palestra, descobriu que era uma hipócrita. "Façam o que eu digo, não façam o que eu faço", pensou, sobre si mesma. Como era medíocre! Fazia-se de forte, de moderna, suas unhas azuis confirmavam. Mas colecionava selos... Selos! E esses tais selos passaram a incomodá-la! Figurinhas pequenas, de cores medíocres, como a sua alma. Coladas, inertes, como as suas atitudes. "Sonhadorazinha ridícula." - Foi seu último pensamento cafona antes de continuar sua aula cafona.

E então, tendo-se pensado dessa forma, decidiu gritar. Tocar no mais alto volume o Blues que descoloria seu coração. E então ligou para ele. Os desabraços que a madrugada prometera transfiguraram-se em gritos, ofensas, "você é moleque. M-O-L-E-Q-U-E!"

E de certa-medíocre passou à medíocre errada. Foi tão pequena que inverteu a situação. "Contrária a mim mesma" - pensou. E teve que pedir desculpas.

Então, delicadamente, suas unhas azuis destacaram-se no lento movimento diário de rever os selos. Seus queridos selos. Inertes, de um lindo colorido-pálido que a encantava. Percebeu então que gostava mesmo era dos selos. Quem sabe um dia alguém não registraria, como uma paisagem, a sua cara de paisagem em um deles. Quem sabe?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Achei bonito.

Domingo

Decidiu na noite anterior que acordaria mudada. E foi. Deixou os chinelos, foi descalça até o chuveiro, onde não lavou a cabeça. Presos, os cabelos foram se soltando, ao longo do caminho, até a praia. Na praia dançou, sob o ritmo das vagas, uma dança sem igual. Cabelos molhados, vestido molhado. E, secando ao sol, percebeu que a dança das ondas também atraía outros seres mudados: passarinhos, pessoas. Pessoas mudadas em passarinhos. E, leve como a pluma, levantou voo pra casa. Direto pra casa. No caminho até que pensou: - Vou passar no... - e sua ideia também foi mudada. Em casa não pegou filme, não descansou, não dormiu. Leu. Pegou um livro antigo, de historinhas deliciosas do Drummond, e não. Não ruminou saudades, não sofreu antecedências, não comeu ansiedades, sequer banho tomou, pois a praia já havia levado a poeira para as suas profundezas. Apenas leu. E, no embalo das letras, rodopiando na vaga das linhas, dos parágrafos, das histórias... Dormiu. Enfim. Exausta do seu dia mudado. E acordou cedinho, e tudo já estava remudado. Inclusive sua alma, que de cinza ficou branca. Clara como o dia que estava prestes a recebê-la.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Com quantos (velhos) versos se faz uma (nova) música?

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Vai trabalhar, vagabundo, vai trabalhar criatura.
[Mas]
Daqui pra frente tudo vai ser diferente.
Hoje eu quero paz, eu quero amor.

Às vezes no silêncio da noite
Quando o coração da gente se apaixona
You are always on my mind
Tum, tum, bate coração, oi, tum, coração pode bater.

Você nasceu pra mim, eu nasci pra você
louca pra te ver chegar, louca pra te ter nas mãos.
Ele [veio] sem muita conversa, sem muito explicar
Sem você sou pá furada...

Dizer segredos de liquidificador
[dentro da minha orelha fria]
Até amanhã eu vou ficar
Nós somos rainha e rei.

***

Hoje eu disse pra ele que senti uma saudade quentinha, que me abraçou como travesseiro. Engraçado sentir a metamorfose da saudade:
desesperava< doía< incomodava< ardia< ...< travesseiro.
Daí, pra aconchegar, fiz uma música de retalhos, impossível de ser cantada. É que muita informação sonora embola, traz sentimentos antigos.

***

Engraçado notar a música dançando na cabeça. Engraçado ficar recitando, só pra ver a saudade passar.

***

Mas tudo passa, tudo passará.

domingo, 16 de maio de 2010

Wed-designer... iupi!!!!

Acho que vou mudar de profissão...
O ramo dos casamentos é rentável, moderno e supersupimpa!
Acho que vou ficar bonita como designer de convites, que tal? Bonita e rica, porque riqueza traz calma, calma traz beleza.
Correção, planejamento e tudo isso não está muito salutar.

Em breve, no mercado, M. Wedding-designer. Aguardem!

***

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia das Mães, Dr. Parnassus e saudades


Assim foi, nada convencional, o domingo que passou por essas bandas de cá. Não haveria nada de convencional em um Dia das Mães com homenagens, presentinhos, almoço em família. Depois cinema com o namorado, para marcar aquela presença. Mas esse foi. Convencional e bom demais.
Primeiro porque o almoço das mães juntou as moças da MINHA família e da MINHA FUTURA família. Mãe, avó, tia e sogra reunidas. Bonitinho, gostei. Gostamos, eu acho.
Segundo porque, pulando etapas, o final do dia acabou com saudades. Mas isso é bem típico de domingo, dia semanal da saudade. Dez horas da noite, indo, Mari. - Vai com Deus, meu amor. Bom trabalho, até daqui 15 dias. Saudade...
Mas o domingo foi danado de bom MESMO por conta do Dr. Parnassus. O imaginário mundo do Dr. Parnassus.
Fomos nós para o cinema pensando em assistir mais um filme DO Johnny Depp, cheios de expectativas, é claro (porque a Alice no País das Maravilhas deixou a desejar... pelo menos por aqui). Que nada! O MUNDO é um filme COM o Johnny Depp, COM o Heath Ledger e COM otras cositas más. Fantástico. É assim: um homem, , Dr. Parnassus, faz um trato com Mr Evil (God's away, super a calhar!!!!). O Diabo perde a aposta e, em troca, Parny é tornado imortal. 1.000 anos depois, volta o Mal para buscar a dívida de uma outra aposta, dessa vez vencida: sua filha, que agora tem 16 anos. Basicamente é isso. Isso que, através do espelho, nada tem de básico. Dr. Parnassus, minha gente, entra no imaginário, na imaginação das pessoas. Ou melhor: as pessoas são quem entram em suas próprias e respectivas imaginações através do Doutor. Fantástico.
Mas aí vão dizer: já vi mais ou menos isso em alguns lugares: tem a Alice no mundo dos espelhos, tem o Quero ser John Malcovich, tem mil coisas. Tem, sim, ok. Mas coisas LINDAS, imagens plasticamente PERFEITAS, ENCANTADORAS e que fizeram o meu domingo sair da monotonia... Eu não achei em lugar nenhum.
Claro que tem muito mais coisas além dessa sessão de elogios. Dá para passar o Dr. Parnassus na escola, pra ver com os amigos, com a família, com o namorado... sozinha, então, uma beleza.

Recomendo MUITO!

E, já que por aqui não assumimos a postura de críticos de cinema, apenas escrevinhamos sobre gostos e afins, missão cumprida.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Opção


prefiro assim:
com você.
juntinho.
sem caber de imaginar,
até o fim raiar.


***

sábado, 24 de abril de 2010

A não-palavra (que cisma em gritar dentro dele e dela)

Ela sentiu vontade de dizer que o amava, mas não como sempre. Um desejo vomitado, que de tão agressivo lhe pareceu sutil. A ela e a ele, porque a menina de seus olhos nada mais disse que um tímido eu te amo. muito. E a menina dos olhos dele, distraída, sequer notou a diferença.

Ela notou que, nos últimos tempos, estavam rareando as expressões de amor, que cediam espaço às expressões do amar. Seria, talvez, essa a explicação: amor enlatado. amor cansado de explodir no quarto do coração, no grito sufocado pelo silêncio, na dor do amar.

Ele, lógico, sentiu-se amado. muito.

Ela sentiu que queria amar. Amar a palavra, gerá-la, primeiro, para depois torná-la realidade. Mas a não-palavra que, sem querer, se expressou muda, pôs esse sentimento-instante a perder.

A despalavra, então, tornou-se desejo de abraço... Mas, desespero, esse também não veio. Estavam separados pela mesa, a Coca Cola dela, o saquê dele, os restos da noite.

E quando ela pensou que o instante havia passado
quando o assunto já se encontrava trocado
lenta, como o amor,
a mão dele tomou as suas: as duas
e seus olhos se cruzaram - sem palavras
para gritar o te amo mais silencioso.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A angústia dos meus dias


Para completar meu feriado, Angústia, de Gracialiano Ramos.
Está sendo uma boa experiência esse fluxo louco de pensamentos. Está irritando, dando nervoso. Acho que o livro se propôs mesmo a isso.
Fica a dica, pra quem gosta e a quem interessar possa.

Dia de luz, festa do sol


O que fazer numa quinta-feira atípica, mas nem tanto?
Ontem foi dia quase-comum: quinta-feira de espera, o dia em que ele chega; dia de sol, calorão, Rio de Janeiro; telefonema para/ das amigas; ideias fluindo; preguiça deitando e rolando. Só uma coisa fazia a diferença: não havia trabalho. Como não houve na quarta, nem está havendo hoje.
Salve Tiradentes!
Salve Jorge!
***
Então, voltando: o que fazer neste limbo entre feriados? Praia? Boa opção.
Desbancamo-nos, então, para a Vinícius. Ipanema, bom lugar. Gente bonita, água delícia, galera legal. E minha quinta-feira continuou quase-comum, com apenas uma diferença: pude deixar, ao longo do dia, a preguiça deitar e rolar... E ela me empreguiça até agora...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Só volto se me derem um selinho




Não, não. Não se trata da Hebe Camargo.

(De fato, muito engraçado. Ha!)









Trata-se, enfim, da apelação mais suja da minha amiga dona da Lona pra me fazer voltar a escrevinhar. Seguinte: alguém inventou um tal de selinho:

Se você possui um blog e recebe o dito cujo, precisa, nesta ordem de relevância:
1- Sentir-se muito honrado (a);
2- copiar e colar o tal do selo no seu blog, escrevendo um post sobre ele;
3- descrever 3 lembranças de sua tenra infância;
4- indicar mais 6 blogs que você considera "fofos".

***

A ver:
1- Pode parecer deboche, mas não é: fiquei muito honrada por você ter considerado fofas as minhas escrevinhanças. Em época de vacas magras, em que até eu me assustei por não dar as caras por aqui desde não me lembro quando, ser lembrada por você, amiga, não é só fofo. É um luxo!
2- Selo devidamente colado e copiado.
3- Minhas lembranças... vejamos:
a- Eu, deitada de barriga para o ar, em um tapete no quintal da casa da minha avó, de onde aliás, vem a maioria das lembranças, admirando o céu azul e pensando no Elvis Presley, em como ele era bonito, bom cantor, elegante... Eu era uma criança estranha.
b- Ir trabalhar com a minha mãe ou o meu pai e me sentir a PROFISSIONAL, a ADULTA, sem qualquer objeção ao trabalho infantil.
c- O cachorro-quente da escola. Servido pelas três tias da cantina (que, a propósito, eram irmãs e andavam SEMPRE juntas), com um copo de Coca-cola que nunca comportava todo o conteúdo da garrafa de VIDRO. Aí elas diziam: "Bebe aí pra eu completar". Sexta-feira era dia de levar dinheiro pra comprar merenda. O dia mais esperado da semana!
4- Indicando 6 blogs... vejamos:
* Respeitável público, da Paty.
* Vocalizações melismáticas, da Gi.
* Maria Guilhermina, um blog de decoração realmente fofo.
* A casa que minha queria, também fofo.
* Instante posterior, do Bruno Medina.
* Extravio de mim, da Vivi.

***

Pronto. Missão cumprida. Deu até vontade de escrever mais!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Pra você ler aí de longe

Eu, como sempre, atrasada na vida. As pessoas não entendem.

Sempre fui meio lenta: pra beijar, pra namorar, pra pegar trocadilho... pra entender piadas então, que beleza!

Ultimamente tenho notado meu mais novo tique-nervoso: descobrir lindas músicas novas que já estão quase tocando no Good Times 98.

Desculpa aê, Vanessa da Matta. Pensei que fosse lançamento. Te dedico esta homenagem (a você e a mais alguém, bem guardadinho aqui dentro.)

***

Ainda Bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá

Nos dias frios
Em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois
Esse amor

Entre tantos outros
Entre tantos séculos
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor

Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor

***

terça-feira, 2 de março de 2010

Aqueles dois

Caio Fernando Abreu escreveu Aqueles dois, conto que, eu acho, está no livro Morangos mofados, dele mesmo.
A Cia. de Teatro Luna Lunera transformou o conto em peça.
O CCBB tornou acessível ao público carioca.
O Caio, não o autor, mas o meu amigo, o LaCaio, me chamou pra assistir. "Imperdível, vou pela quarta vez".

Depois da peça, encenada por quatro atores (que se fundiram em dois), as intermináveis palmas e os olhos fixos da plateia me fizeram querer ir lá, como o Caio, mais algumas vezes.

Linda, pura, sutil, feroz. Desnudada. O máximo!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sorte de hoje: sorte pra sempre!


Acordei hoje meio naif
Com vontade de pintar um quadro
Com as tintas das minhas mãos, braços, corpo inteiro.

Aí vieram e pintaram
O quadro mais lindo!
Um quadro a quatro mãos, dois dedos, corpos inteiros.
Nosso corpo por inteiro.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Freud explica

Ontem assisti Divã, com a Lilia Cabral. Assisti achando que seria o filme da minha vida à meia-idade. Assisti e não gostei. Não quero isso pra mim. Fui dormir deprimida e com um sentimento de "não casa, não, que um dia separa".
Peraí, assim não vale. Então tá bom: não nasce, não, que um dia morre.
Francamente...


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A fita branca (envolta na quarta-feira de cinzas)

Cinza, parada, sem música, sombria e com um sentimentozinho de culpa pelos excessos do Carnaval. Essa é a quarta-feira de Cinzas.
Essas mesmas qualidades definem o filme A FITA BRANCA (Dass Weisse Band, no original alemão). O filme é, como bem escrito pelo bonequinho d'O Globo, "simples, mas nem tanto". De produção e tudo mais sem nenhum custo estrombótico, a única música que anima o filme é super contextualizada, tocada pelo narrador-personagem, o professor, olha que legal, de música da cidade. São duas horas de silêncio e um clima tenso, de vontade de entrar pela tela e sacudir cada uma das criaturas cínicas que atuam lá do outro lado. Até que você, mero expectador, se dá conta de que está cercado (inclusive por sua própria capa de gordura e pele) por pessoas que, tal qual as personagens, têm, SIM SENHOR, todas aquelas piores características das personagens que tanto incomodam no filme.
As minhas professoras (a interior e a de carteira assinada) quiseram saltar fora pelo chakra umbilical de ver aquelas crianças crescendo de forma medíocre, invejosa e mentirosa. E pensou em SUAS crianças. E sentiu vontade de chorar... Culpa social, na certa.
A fita branca é um filme bom, sem emocionar. É bom porque revolta, dá nervoso, vontade de sair correndo do cinema. Nele, as crianças, sempre em bando, vão. Alemães, antes da guerra, aquelas crianças, já sabemos pra onde foram.
Agora é preciso pensar nas nossas. As de dentro e, principalmente, as que estão ao redor.

Carnavalizando geral


A escrevinhança de hoje vem com a cara lavada pós-Carnaval. Vem com a cara da ressaca, da saudade e do peso na consciência de não ter pulado o bastante (mesmo tendo os pés esfolados, de tanto pular).

Tudo porque a viagem entre amigos, tão aguardada quanto frustrada, tadinha, foi furada. Benzadeus! Então veio o Carnaval. Nada de trajeto de blocos, não, não. Só a vontade de ficar junto de quem se ama, se amando e carnavalizando geral. E foi. Perfeito.

: sol, calor, água (por todos os lados), Preta, Empolga, Alice, Quizomba, planejamento de fantasia, beijo, abraço, te amo muito, filme, japonês, marchinha, samba, amigos, risadas, MAM (merece destaque!), Lapa, pizza, sambinha na janela do Sacrilégio... até que o Ai, ai, ai, ai foi cantado e a quarta-feira de cinzas chegou. E deixou saudade. E aí nós tivemos que ir embora.


O dia já vem raiando, meu bem.

O horário de verão vai acabar e

pronto! Chegou a segunda-feira.


Bem que eu vi uma placa excelente na TV:
"Calma! Faltam 360 dias para o próximo Carnaval".

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Aceitar é humano (Por que não?)

Não sei se é amor que tens, ou amor que finges,
O que me dás. Dás-mo. Tanto me basta.
Já que o não sou por tempo,
Seja eu jovem por erro.
Pouco os Deuses nos dão, e o pouco é falso.
Porém, se o dão, falso que seja, a dádiva
É verdadeira. Aceito,
Cerro olhos: é bastante.

12-9-1930, Ricardo Reis


***

Só não sou jovem por erro, e sim por tempo.
Mas olha que, de tanto errar, o tempo acaba passando.
Ainda bem que, vez em quando, a consciência do bastante acalma o coração.
Não o meu, nem o seu, só. Toda la gente!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Desvendando o mito da caverna ou sessão platônica de descarrego. Amém!

Papo interno, so sorry, meus (poucos) leitores.





Quando eu ainda vivia nos sonhos, ela me foi apresentada.

Agora, de dentro da caverna, ela me liga pra contar das sombras que vê em sua parede. Parede agitada, cheia de sonhos, sombras e escombros. Escombros que ainda estão sendo revolvidos, pedaço por pedaço. E de ligação em ligação, de mensagem em mensagem, com as pedras retiradas, acho que vão mesmo é construir um castelo. Lindo, cheio de janelas, com vista para o mundo.
Aí sim ela (e ele) estarão prontos para ver que as sombras, ah... as sombras eram só SOMBRAS. E que o mundo de verdade, como ele é, com (por que não?) sombras, medos, inseguranças, premonições e tudo mais, é, em última instância, SÓ o mundo. E que só depende da gente (deles dois) sair da caverna para encarar seus medos. Vencer seus medos. E, enfim, de dentro do castelo (da caverna não mais), fazer ecoar aos quatro cantos a mais linda marchinha de carnaval (que ela tanto gosta!). E viverão felizes para sempre. Juntos ou separados. Porque cada um tem o castelo (ou a caverna) que merece.

***

Te amo, amiga! Sai da caverna e vai lá fora erguer o seu castelo!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Hable con ella


Depois de ter hablado con ella, depois da conversa profético-salvadora, resolvi ir pegar um filminho. Deveres acadêmicos à parte, fui hablar com mais um do Almodóvar, e descobri, mais uma vez, que eu tenho andando por lugares errados. Citando Borges, "o jardim de veredas que se bifurcam" está me confundindo e eu, tolinha, sei lá pra onde estava indo!

Fato foi que eu peguei, adivinha, Fale com ela. Dia desses tinha assistido Volver e achei o máximo! Adorei as cores, o exagero, o roteiro... Achei tudo muito de gente, sabe, sem o "you know, maaaaaaan", ai que saco, de Hollywood.

Fale com ela é O FILME! E o Tim Burton, rei dos exageros, que eu amooo, desculpa, está cedendo lugar ao Almodóvar. Se achei o Volver família, coisa de gente, Fale com ela achei divinamente gente. Psicologicamente perfeito, humanamente falho, com escrúpulos de gente normal. E a relevância que ele dá à mulher, cá entre nós, é muito excelente! Hable con ella, mais que imperativo... é uma necessidade que permeia todo o espaço do filme. É tudo delicadamente exagerado, como nós, mulheres.

No dia que eu for dona de uma escola, vou dividir as turmas de Ensino Médio em meninos e meninas, e fazer uma sessão de cinema bastante educativa: Fale com ela, filme de Mulher, independente do sexo, para os meninos; Clube da luta, filme de Homem, independente do sexo, pras meninas. Independente do sexo, acho que é um bom método de formar Homens e Mulheres. Com maiúscula!


Mãe é mãe

Sabe aquilo que se dizia para o guarda Abel da novela da Índia? "Beba, beba, beba, beba, beba, beba!"...? Teve gente aqui em casa ontem que baixou a Norminha e ficou praticando o "beba, beba". A encorporada, no caso, foi a minha mãe, que ontem estava com a macaca! Tão emacacada que até profetizou umas coisas aí, que não convém que eu diga por aqui, claro. Mas que ela está merecendo uma homenagem... verdade seja dita!
Tudo porque eu estava lá, deitadona, 3 horas da tarde das férias, largada na bagunça do meu quarto, com cara de enterro. Daí ela veio, começou a falar coisas que estavam na minha cabeça (morri de medo!), mas com um olhar que eu, na minha soberba ignorância, jamais teria pensado.

Mãe é mãe. Quero ser como ela um dia. Passar do luxo ao lixo num passe de mágica, com a mesma mágica que ela usa pra ler pensamentos. E depois de profetizar, HALLELUIA! Eu fiquei um pouquinho mais parecida com ela.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Em primeira pessoa

Aqui, no nosso Haiti, morros desmoronam, vidas escorrem por água abaixo.
Por aqui, reclamamos do governo, do calor, do trabalho, da vida.
Mas só nos lembramos de que o Haiti
é aqui
quando vemos que, de fato,
ele não é aqui.
O espelho vizinho reflete nossos pequenos deslizes.
E na tormenta alheia vemos
que temos que rezar pelo Haiti.
Mas se nem mesmo pelo nosso Haiti rezamos
se preferimos esperar pela quarta-feira de Cinzas
se as águas de março deixam
promessas de vida no coração
por que não esperar
O terremoto passar?
A chuva cair?
A favela descer?
O bloco passar?

O Haiti é aqui.
O Haiti não é aqui.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Fluxo de pensamento

Hoje, conversando com uma amiga florzinha, pensei que nós somos uns trastes. Pelo menos. Porque chamar de paradoxais pessoas que vivem exigindo a perfeição, mas que adoram o imperfeito é, no mínimo, doido. E se achar certo, sendo doido, é ser traste. Compreendeu?
Acho mesmo é que se gosta do imperfeito pra ter do que se reclamar, pra buscar o que melhorar.
Uma vez conversei com um barbudinho que me disse que a gente espelha no outro os defeitos que não enxergamos em nós. Fez sentido por cinco minutos, mas essa frase-verdade de vez em quando volta, sabe? E incomoda.
Outro dia escrevi que gostei quando, no filme, a moça disse que as pessoas são como espelhos: vemos nelas aquilo que não gostaríamos de ser.
Tem espelho demais em minha volta. Estou com medo de, de tanto ser eu mesma, começar a me ver nos outros. E enjoar de mim nos outros. Ou enjoar os outros de mim. Melhor esfriar a cabeça.

Brilho eterno...



Nunca pensei que iria tirar tanto proveito das minhas férias mais ou menos.


Ontem, 7 da noite. Vamos fazer o quê? Baixar Lost? Não... demora muito. Ah, já sei: vamos pegar alguma coisa na locadora. Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
(O meu senso de sanidade pensou já ter visto esse filme, mas NÃO, isso ainda NÃO tinha sido feito.)
O moço da locadora: "E aí, é a primeira vez ou vão assistir de novo?"
(Como assim???)
"Vocês não vão se arrepender. O filme é maneiro, mas tem que prestar atenção, se não vai parecer que ele é meio maluco, sem noção. Mas é muito bom."
(Então tá.)
***
Onde é que eu estava que ainda não tinha assistido? Brilho eterno é tão bom que eu nem me atrevo a tecer qualquer comentário sobre ele. Tenho medo de estragar sua beleza, sua complexidade, seu clima, sabe?
Caso você, querido/ querida, esteja cometendo o crime do qual, até ontem à noite, eu era bandida, não mais padeça desse mal. Por favor.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Rapidinha

"Sei que amores imperfeitos são as flores da estação"


Pensei no Skank agora, bem a calhar. Flores colhidas, compromisso selado. Sempre achei o pretérito imperfeito mais emocionante que o perfeito, sabe? Padeço desse mal, fazer o quê?

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Canção para o seu regresso

Regresso

(Campo perdido.
músicas suspirando,
ai! sem meu ouvido!)

Bois esperam, mirando:
corpo cheio de céus, luas
nos olhos recordativos.

Rodas, charruas,
sol, abelhas...
Colar de prata dos rios
sobre gargantas vermelhas.

(Eu andava batalhando
- ai! como andei batalhando -
com mortos e vivos,
campo!)

Levai-me a esses longes verdes,
cavalos do vento!
Pois o tempo está chorando
por não ver colhido
meu contentamento!

***

Cecília Meireles - Vaga música

***

Lula, o filho do Brasil

Cansei de ouvir minha mãe dizer: "Seu pai? No cinema? A última vez que fomos nós ainda éramos namorados!". E meu pai, retrucando: "pfpfpfpfpfpf! O último filme que vi foi "E o vento levou". Metade, porque eu dormi o filme quase todo!"

Dispensa comentários.

Ontem algo estranho aconteceu. No marasmo de depois do almoço, meu pai:
- Vamos mais tarde ao cinema, ver o filme do Lula?

TODOS toparam. Não, isso não é um conto, é verdade. Foi verdade, verdadeiríssima. E eu, é claro, fui, feliz da vida, à sessão familiar.

Não tecerei comentário algum sobre o filme porque minha mãe sempre me ensinou que o que se diz em casa fica dentro de casa. Como você não estava lá com a gente, não vou contar. Só adianto que, pra quem gosta do Lula, o filme é muito bom. Pra quem não bebe e não gosta do Lula, vai dizer: "Ah, mas o presidente é um bêbado". Claro, a Brahma superpatrocinou o longa. Pra quem gosta de megaproduções, também não será bom negócio. Mas praqueles que gostam da parte, digamos, alternativa do Brasil e que reconhecem no Luis Inácio uma figura histórica, sem igual, vale. Vale muito.

Estou quase sugerindo um golpe de Estado, pro Lula ter mais um mandato. Mas aí eu acho que a coisa ficaria feia...


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Memória

"A memória é uma paisagem contemplada de um comboio em movimento. Vemos crescer por sobre as acácias a luz da madrugada, as aves debicando a manhã, como a um fruto. Vemos, além, um rio sereno e o arvoredo que o abraça. Vemos o gado pastando lento, um casal que corre de mãos dadas, meninos dançando o futebol, a bola brilhando ao sol (um outro sol). Vemos os lagos plácidos onde nadam os patos, os rios de águas pesadas onde os elefantes matam a sede. São coisas que ocorrem diante dos nossos olhos, sabemos que são reais, mas estão longe, não as podemos tocar. Algumas estão já tão longe, e o comboio avança tão veloz, que não temos a certeza de que realmente aconteceram. Talvez as tenhamos sonhado. Já me falha a memória, dizemos, e foi apenas o céu que escureceu."

Agualusa, O vendedor de passados.

***

Gostaria de tê-la sonhado, mas não: foi real. Então eu fico na espera de que o céu
escureça
acenda
escureça
acenda
...
Até que eu não possa mais nela tocar.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Conhecimentos gerais, a quem interessar possa:

Aquela amiga que me acompanha desde o útero materno sempre diz que eu sou pessoa mais canceriana deste mundo. Sábias palavras, meu amor!

A mulher de câncer

Ela é um pouquinho doida, ligeiramente triste e soberbamente imaginosa. E sabe também como economizar dinheiro. Para desviar seus pensamentos de seguro, hipotecas, renda e contas, carrega-a para dar um passeio à meia noite, na praia, ao luar. É quando ela estará melhor. A lua fará surgir todos os seus sonhos secretos, e a proximidade da água poderá libertar suas muitas inibições. Mas não vá encorajar este amor a menos que tenha mesmo a intenção de ir até o final. Os sentimentos de uma mulher de Câncer nada têm de superficiais. Quando ela se apossa de um homem ou de uma xícara de chá, é dela para sempre. Ela tem medo de não ser bastante bonita, bastante inteligente, bastante jovem ou bastante velha. É muito sensível, chora um bocado, e é bom você ter sempre um lenço à mão. Ela odeia ser criticada, fica profundamente magoada com o ridículo, e não suporta ser repelida. O humor da canceriana também não reage muito bem a piadas de sogra; lembre-se, ela adora a mãe. Quando ela estiver deprimida, você tem que dar um jeito de arrancá-la de si mesma. Procure pegá-la antes que tenha afundado demais. Você nunca terá certeza se ela está à beira da depressão ou se apenas quer ser mimada. Na dúvida, confesse que você não pode viver sem ela e as coisas tenderão a melhorar.

Citando Patrícia: "Volta pro mar, oferenda!"



Um beijo roubado


Não pensem que o título deste post foi o que eu fiz no primeiro dia do ano. Não, não. Foi o que eu assisti. Um amigo me emprestou o DVD há séculos e só agora, de férias (ou sei lá porque) assisti ao filme. Lindo, um arraso. A fotografia combina total com o clima do filme, o Jude Law lindo de morrer e a Norah Jones, juro que não sabia dessa, causando de atriz. O filme é lento, quase silencioso que dá agonia, com a maioria das músicas cantadas pela Jones (que causa MUITO de cantora, nossa!). Perfeitas as cenas das blueberry nights, todas, especialmente as de close. Sentimento metamorfoseado em torta, delícia. Perfeita a frase mais ou menos assim: nós precisamos dos outros para serem espelhos. cada vez que vejo alguém descubro defeitos e qualidades em mim. cada vez me orgulho mais de ser eu mesma.

***

Vou devolver o DVD com um bilhetinho pedindo desculpas pela demora e com esse mesmo highlight daí de cima.